terça-feira, 26 de abril de 2011

Porque muçulmanos não comem carne de porco?

Acompanhando todo esse debate em torno do Novo Código Florestal e a tentativa da sociedade científica de chamar a atenção pra si eu me recordei de um fato que me aconteceu no último ano da graduação durante a apresentação de um seminário. O Tema era "Porque muçulmanos não comem carne de Porco" e deveria justificar ao longo da apresentação porque tal fato ocorria.
Fiz uma pesquisa baseada na história da religião islâmica, citei trechos do alcorão, fotos, gravuras, depoimentos e justificativas antigas e atuais. Resumindo a história que baseei em documentos, os muçulmanos não comiam a carne suína por considerarem impura, pois o animal se alimentava de restos e havia um misticismo em torno das doenças que a carne poderia causar.
Findada a minha apresentação, sem maiores impresvistos, me foi indagado pelo Professor Doutor (muito competente por sinal) o porque dos seguidores de Alá não comerem carne, humildemente dei o fato como explicado e não respondi. Minha apresentação foi sumariamente desconsiderada, pois a explicação era mais óbvia e seguia uma outra ótica, baseando-se unicamente no fato da origem daquela civilização ser nômade. 
Cada vez que uma tribo nômade se mudava levava consigo os pertences, e isso incluia a comida e as criações (que também eram comida). Suínos por questões fisiológicas não podem percorrer longas distâncias, logo, esses foram excluídos do cardápio nômade. Muitos e muitos anos se passaram e o povo deixou de ser nômade mas  a carne suína continuou fora do cardápio. Quem sabia explicar porque?? Ninguém.. Qual foi a justificativa?? Porque Deus não quis.  

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Demanda de grãos segue maior que oferta, diz IGC

A produção mundial de grãos deverá aumentar 78 milhões de toneladas nesta temporada na comparação com 2010/11, mas como os estoques estão magros e o consumo também deverá crescer, a tendência é que a relação entre oferta e demanda continue justa no novo ciclo. Essa é a principal conclusão do primeiro relatório do Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) sobre esses fundamentos na safra 2011/12, cuja semeadura ganhará força no Hemisfério Norte em maio.

Conforme a entidade, a produção global de grãos se recuperará dos problemas provocados pelo clima no ciclo passado e chegará a 1,808 bilhão de toneladas em 2011/12, 4,5% mais que em 2010/11. Já o consumo deverá atingir 1,818 bilhão de toneladas, incremento de 1,5%. Apesar da desaceleração do ritmo de aumento do consumo (em 2010/11 a demanda foi 1,7% superior a de 2009/10), o fato de a projeção de demanda permanecer acima da estimativa de oferta deverá levar, conforme o IGC, à nova queda dos estoques de passagem - de 6,7%, para 111 milhões de toneladas.

O levantamento inclui trigo e grãos forrageiros como milho e sorgo, mas não inclui a soja, por exemplo. Segundo o IGC, a produção global de milho chegará a 847 milhões de toneladas em 2011/12, 4,7% mais que em 2010/11, ante um consumo 1,3% maior (854 milhões). A produção de trigo será de 672 milhões de toneladas, alta de 3,4%, e o consumo subirá 1,5% e empatará.

(Valor Econômico) (Redação)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

CNA: Safra e preços em alta elevam em 0,41% PIB do Agronegócio

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro voltou a apresentar resultados positivos em janeiro de 2011, crescendo 0,41% no mês, com oscilação superior à registrada em igual período de 2010, quando a variação positiva do PIB foi de 0,21%. Os dados constam em análise divulgada, nesta quarta-feira (20/4), pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Suinocultores começam a respirar

Depois do anúncio da China da abertura do mercado pra carne suína Brasileira, o setor começou a reagir e os preços pagos ao produtor podem melhorar. A expectativa de exportar para o país asiático também influencia de maneira positiva no crescimento do setor. Esse é mais um marco da globalização da carne brasileira.

Se o cenário no exterior promete ser melhor, o mercado interno também esboçou ligeira melhora com a alta da carne bovina que acabou tracionando o preço da carne suína. Mas isso foi pouco para superar o preço das altas dos insumos, principalmente do milho e soja. Esses grãos entram em aproximadamente 70% da ração dos animais, e a tendência é que os preços se elevem ainda mais. Resumindo, o produtor continua trabalhando no prejuízo.

As novidades anunciadas foram boas mas não são suficientes para tornar a produção lucrativa. O resultado dessas mudanças nós iremos sentir daqui 6 meses, quando de fato o mercado estiver exportando.

Cheia do Rio Acre

Essa é a simpática capital do estado do Acre num momento difícil. A cheia desse ano foi maior do que o normal e muitas pessoas tiveram que deixar suas casas. A cheia também causa estragos na área rural, acabando com plantações e matando animais afogados.

Todos os anos esse ciclo de cheias se repete, mas nem sempre causa tanto estrago. O período das chuvas é seguido por um período mais seco e com chuvas bem menos regulares. Na Amazônia é comum chamarmos o período das chuvas de inverno, e o período seco de verão. Além de notar os nomes das estações invertidos, pouco se ouve falar em outono ou primavera.

Rio Acre invadindo a capital Rio Branco - AC (Abril de 2011)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A vocação do Pantanal é a Pecuária

Hoje o Pantanal tem 86% do seu Bioma intacto, é o mais conservado do Brasil. O mérito dessa preservação toda é em grande parte da pecuária pantaneira. Uma cultura sustentável que foi moldada ao longo dos séculos. A mais de 200 anos os bovinos estão se adaptando a região pantaneira. 

O solo arenoso impede a expansão da agricultura, mas permite o crescimento em abundância do Capim Mimoso. O capim abundante serve de alimento para capivaras, veados e também para os bois. Se sobra capim, não há desmatamento, e fica estabelecido o equilíbrio e o respeito a natureza.

A vocação do Pantanal é a pecuária de cria e recria (bezerros), as longas distâncias que os animais precisam percorrer até o frigorífico impede a venda de animais terminados (boi gordo), e a dinâmica natural do Pantanal que compreende um período de seca e outro de cheia castiga a boiada, que muitas vezes precisa andar quilômetros até as partes mais altas para não morrer afogada. 

Pela valorização excessiva da Amazônia por parte de ONGs internacionais, muitas vezes o Pantanal é esquecido. Mas essa região também conhecida como Chaco é considerado pela UNESCO Patrimônio natural Mundial e Reserva da Biosfera.

Vivendo e gerando renda a partir da floresta

Já faz algum tempo que eu venho tentando colocar na cabeça das pessoas que é completamente possível gerar renda usando as florestas. O manejo florestal bem executado é um exemplo disso, mas há também outras explorações extrativistas que são acertivas na geração de renda sem prejudicar os biomas.

Uma reportagem no Estadão (link aqui) menciona a importância do extrativismo para se tirar milhões de pessoas da pobreza extrema. De certa forma as pessoas já tiram o sustento da floresta. É o caso de pessoas que vivem da renda do açaí ou da castanha por exemplo.

Temos que parar com essa mania de achar que as florestas são um grande jardim intocável da humanidade. O futuro é aprender a usar os recursos naturais sem provocar o desequilíbrio, ser sustentável.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Tereré: A Origem

Histórico

Há muitas histórias controversas a respeito da origem do tereré. As pessoas confudem alguns acontecimentos e acabam por contar erroneamente a história desse traço cultural. É impossível contar a história do tereré sem antes introduzirmos a história do Mate e alguns acontecimentos históricos. 

Antes da chegada dos europeus à América, os índios guaranis já usavam as folhas da erva-mate (chamada de ka'a karai, "folha sagrada", ou côgoi, palavra esta que foi posteriormente adaptada ao idioma português como "congonha") para preparar uma bebida estimulante. Era o chamado ka'a y (traduzido do guarani, "água de folha"). As folhas da erva eram colocadas em uma cuia com água e o líquido era então chupado através de uma taquara, caniço ou osso (o chamado tacuapi), filtrado através de um trançado de fibras vegetais. Segundo o mito guarani, a bebida foi descoberta quando um velho índio não conseguiu mais acompanhar as andanças da tribo devido à sua idade avançada e teve que ficar para trás. Sua filha decidiu ficar com ele, mas ele queria que ela seguisse com a tribo, então o deus Tupã (ou então São Tomé) lhe ensinou a preparar uma bebida com as folhas da erva-mate, bebida esta que lhe daria forças e que permitiria a ele e a sua filha acompanharem a tribo. 

A bebida era consumida também pelos índios carijós, xetás, guairás, charruas, caingangues e os incas, pois todos eles mantinham relações comerciais com os guaranis. O termo "mate" tem origem no idioma dos incas, o quíchua, através do vocábulo mati, significando "cuia, recipiente" e designando a cabaça na qual até hoje se bebe a infusão de erva-mate. O termo "porongo", que nomeia a planta que fornece a cuia usada para beber o mate, também vem do quíchua, significando "vaso de barro com o gargalo estreito e comprido".

Devemos tomar cuidado ao citar os Xetás como os precursores desse costume no mato Grosso do Sul, pois, esses viviam na sua maioria no estado do Paraná. 

Os colonos espanhóis no Paraguai observaram que os índios guaranis eram viciados na bebida e inicialmente os jesuítas espanhóis proibiram seu consumo devido a seus supostos efeitos afrodisíacos, qualificando a planta como "erva do diabo". Mas os espanhóis não tardaram a experimentar a bebida e aprová-la, passando a utilizá-la como ingrediente básico da sua dieta alimentar. Diz-se que o primeiro contato dos europeus com a bebida foi quando as tropas do general espanhol Irala se encontraram com os índios guaranis da região de Guaíra (atual estado brasileiro do Paraná), em 1554 e observaram o consumo generalizado da bebida entre os índios. 

Foram os europeus que introduziram o metal nos apetrechos do mate: a bomba passou a ser feita de prata (abundante na região na época, oriunda das minas de Potosí, na atual Bolívia), com detalhes em ouro. A bomba passou a contar com um adorno colorido perto do bocal chamado "pitanga". A cuia passou a ter o bocal revestido de prata. E foi criada uma armação de metal para sustentar a cuia, quando ela não estivesse sendo usada. Para os menos abastados, em vez da prata era utilizado outro metal branco menos valioso, como a alpaca ou o alumínio. A água usada no preparo do mate pelo índios guaranis era, inicialmente, fria. Foram os europeus que passaram a utilizar água quente no preparo da bebida, muito provavelmente para evitar doenças oriundas de água contaminada não fervida. 

A palavra castelhana cimarrón, que significa "selvagem" e que era utilizada para se referir ao gado bovino que havia sido introduzido pelos espanhóis na América do Sul e que havia se dispersado, tornando-se selvagem, foi usada pelos luso-brasileiros do Rio Grande do Sul para designar a bebida, que passou a ser conhecida como "chimarrão". 

No século dezoito, com a expulsão dos jesuítas da América, ocorreu uma desorganização no setor produtivo da erva-mate. Isto estimulou o crescimento da extração de erva-mate na região dos atuais estados brasileiros do Paraná e de Santa Catarina. 

Em 1822, durante uma viagem de seis anos pelo interior do Brasil, o botânico francês Auguste Saint-Hilaire descreveu cientificamente pela primeira vez a erva-mate e lhe deu seu nome científico: Ilex paraguariensis

No século dezenove, o Paraguai se isolou dos outros países, proibindo a exportação de erva-mate para fora do país. Isto fez a Argentina e o Uruguai substituírem a erva-mate paraguaia pela brasileira, desenvolvendo o seu cultivo no Paraná e em Santa Catarina, regiões outrora despovoadas. Era o chamado ciclo da erva-Mate no Paraná e em Santa Catarina. Como consequência, o Paraná se separou da província de São Paulo para constituir a província do Paraná em 1853. O processo de isolamento paraguaio culminou na eclosão da guerra do Paraguai em 1864. Após a derrota paraguaia, o nordeste paraguaio foi anexado definitivamente pelo Brasil e o sudeste paraguaio, pela Argentina. 

Em 1932, eclodiu a guerra do Chaco entre Paraguai e Bolívia. Segundo a lenda, os soldados paraguaios passaram a tomar o mate frio, para não acender fogueiras que denunciariam sua posição ao inimigo. Deste costume, teria surgido o hábito paraguaio do tereré. O tereré teria penetrado no Brasil pela cidade de Ponta Porã e, daí, se expandido para o resto do atual estado brasileiro do Mato Grosso do Sul, já com o nome aportuguesado para "tereré" (com o "e" final aberto) 

Temos aí dois momentos que apontam pra origem do tereré. Primeiramente com a sinalização de que as tribos Guaranis consumiam o mate com a água fria e posteriormente com a chegada dos europeus, passaram a consumir o mate com água quente afim de se evitar doenças. Num segundo momento, marcado pela guerra no Chaco o hábito é firmado pelos soldados paraguaios. Passando assim a ser considerada uma bebida paraguaia.